Com solidariedade e organização coletiva: assim que esperamos atravessar a pandemia do coronavírus

A pandemia do Coronavírus que atinge o Brasil tem provocado impactos sobre a vida de milhões de brasileiras/os e na rotina das instituições de toda e qualquer natureza. Os órgãos de saúde, em todos os países, orientam o afastamento e isolamento social a fim de conter a proliferação do vírus que é de fácil contágio. O CEAS, naturalmente, assumirá as medidas sanitárias e manterá a sede fechada pelos próximos dias, visando preservar a saúde de sua equipe e das demais pessoas. No entanto, os membros da equipe estarão disponíveis, a partir de suas casas e por meio de telefone, e-mail, aplicativos de comunicação, para realizar as atividades possíveis e necessárias, inclusive respondendo às questões administrativas e solicitações da diretoria, associados/as e parceiros/as.

Não deixaremos de ressaltar que, em contextos como este, a população das periferias, empobrecida e submetida a uma política genocida, será a mais afetada em todos os âmbitos – economicamente, na assistência à saúde, na capacidade profilática, principalmente pelas condições precárias de moradia e trabalho que impossibilitam o isolamento, entre outros. E, com este governo no Brasil, não esperançamos de que esta população tenha como garantia recursos e medidas para que atravessem a crise com os mínimos de danos possíveis.

É imprescindível que os representantes do Estado assumam uma postura de reconhecimento da emergência sanitária e sejam disseminadores de informações precisas e orientações à população das medidas de prevenção e controle da proliferação do COVID-19. Infelizmente, o oposto acontece no Brasil: Jair Bolsonaro age não apenas de forma irresponsável como também negacionista.

Além disso, é também fundamental denunciarmos que o governo vem implementando um projeto de desmonte dos serviços públicos com a intensificação da Emenda Constitucional 95 do teto dos gastos públicos por 20 anos, de fim das políticas sociais e de retirada de direitos. São exemplos concretos deste projeto a reforma da previdência, os cortes de orçamento para as Universidades públicas e institutos de pesquisas, os ataques à própria produção científica, a redução de orçamento destinando ao SUS, todas estas instâncias fundamentais para o enfrentamento da crise sanitária que estamos vivendo.

Ainda, o escárnio com que ele, Bolsonaro, trata as questões ligadas à preservação ambiental; o racismo contra os povos originários, povos quilombolas, camponeses/as; o fundamentalismo religioso e a militarização impregnados nas ações e indicações dos cargos; e o aprofundamento da austeridade fiscal, em que os pobres pagam a conta da crise econômica, caracterizam um governo ultraneoliberal e fascista.

Nesse contexto, o CEAS reafirma seu compromisso, portanto, em caminhar ao lado dos grupos e comunidades mais vulnerabilizadas na busca pela garantia dos direitos, na denúncia do descaso do Estado e na articulação para exigir as medidas de assistência necessárias para o enfrentamento à pandemia.  Com isso tudo, apostamos na solidariedade como a melhor forma de superação deste momento, e na luta por melhores condições de vida. E que, ao enfrentar essa crise, possamos ensaiar outros modos de produzir e reproduzir a vida.