Para Luciano Ferreira, camponês, militante do CETA – Movimento dos Trabalhadores(as) Assentados(as) e Acampados(as) e coordenador do Núcleo Pratigi da Rede, “a conquista do prêmio representou para os agricultores e agricultoras um reconhecimento importante para o fortalecimento da agroecologia e produção de alimentos na Bahia, entendendo que essa ferramenta do Sistema Participativo de Garantia, agora reconhecida como uma tecnologia social, garante as condições para que nós, camponesas e camponeses, possamos ter a certificação e assim comercializar os alimentos de forma direta com os consumidores”, explica.
Comunidades comercializam a produção saudável e diversa em feiras agroecológicas / Reprodução de vídeo
Comunidade Dois Riachões – exemplo de área livre de agrotóxicos e transgênicos
Situada no município de Ibirapitanga no território do baixo sul da Bahia, a comunidade Dois Riachões é um pré-assentamento do CETA e abriga 40 famílias, que há 15 anos ocuparam a antiga fazenda onde só havia cacau e gado, e hoje tem mais de 50 variedades de frutas e hortaliças. Vinculada à Rede de Agroecologia Povos da Mata, a experiência da comunidade, na qual Luciano e sua esposa Elismária Silva de Oliveira vivem e produzem, foi escolhida para ser apresentada no vídeo da premiação (veja aqui).
Mesmo sendo este exemplo inspirador de transição agroecológica, a população de Dois Riachões ainda luta para receber a posse da terra. “Esse prêmio também chama a atenção para a necessidade da realização da reforma agrária e das demarcações de terras indígenas e quilombolas no Brasil para que, junto com um conjunto de políticas públicas, possam garantir alimentos saudáveis para toda população”, conclui o militante.
Por Anaíra Lôbo