Formação, organização e luta! Foi a partir desse tripé que diversas comunidades da região de Encruzilhada, sudoeste do estado, se reuniram em Vila Corina e Vila do Café para compartilhar experiências e fortalecer a luta comunitária na 1ª Conferência Popular de Meio Ambiente do território. A programação reuniu oficinas e debates e foi realizada entre os dias 12 e 14 deste mês envolvendo dezenas de participantes da região.
No dia 12, a juventude botou a boca no trombone durante a oficina de Comunicação Popular. Facilitada por Lorena Carneiro, assessora de comunicação do CEAS, o espaço teve como objetivo discutir como funciona a comunicação no Brasil e a importância do povo organizado assumir as rédeas da narrativa da sua própria história e construir instrumentos de comunicação popular. Um dos exemplos concretos que já está em prática no território é o jornal Nancy News, produzido por estudantes do Colégio Estadual do Campo Nancy de Castro Esteves. Através de um perfil no Instagram e de um jornal impresso que circula na própria escola, os estudantes conseguem abordar temas importantes não apenas para a instituição de ensino, mas para toda a comunidade.
Além disso, os jovens também foram apresentados ao site e perfil do Instagram do Observatório do Rio Pardo, uma articulação que reúne diversas organizações e comunidades que atuam e vivem na região da bacia hidrográfica de mesmo nome. A partir da oficina de comunicação, a proposta é que eles também se tornem comunicadores/as populares de seus territórios e contribuam para divulgar o dia a dia, as lutas e as atividades de suas comunidades nas plataformas do Observatório.
Já no dia 13, agricultores e agricultoras da região participaram da oficina sobre Sistemas Agroflorestais (SAFs) facilitada pelos companheiros Rubens Dario e Teresa Santiago, do Movimento Estadual de Trabalhadores/as, Assentados/as, Acampados e Quilombolas (CETA). A partir dos princípios da agroecologia, a oficina apresentou a técnica dos SAFs como uma saída para fortalecer a renda dos agricultores e agricultoras, mas principalmente para preservar o meio ambiente e repensar o modo de vida das comunidades. Além disso, Rubens também trouxe a técnica de clonagem do cacau, alimento que os produtores/as da região querem começar a implantar nas suas áreas.
Teresa salienta o papel político da agroecologia e como esse modo de vida está diretamente ligado à questão de gênero. “Falar em agroecologia e não falar da questão de gênero é não fazer agroecologia. A agroecologia é você trabalhar as diversas dimensões – a dimensão econômica, a dimensão ambiental e a social. E na social você trabalha tanto a questão de gênero quanto a questão geracional”, explica a militante e assentada do assentamento Dois Riachões, em Ibirapitanga.
O último dia de encontro foi marcado pela plenária da Conferência Popular de Meio Ambiente. Divididos em grupos por região, os participantes puderam debater os principais desafios em relação às questões socioambientais das comunidades e como coletivamente a comunidade pode se organizar para buscar saídas para esses problemas. Em seguida, cada grupo pôde compartilhar suas reflexões e, juntos, traçaram um plano de ação para o próximo período. Com muita animação e disposição, a luta no campo só avança!