DE OLHO NA CONJUNTURA | O contexto internacional em múltiplas faces e sujeitos: as principais contradições em movimento

Por Joaci de Sousa Cunha

“Não por acaso, para Trump está é a ‘verdadeira guerra’, como declarou durante a assinatura do ‘GENIUS Act’. Como disse ele, ‘se perdermos [a hegemonia do dólar], seria como perder uma guerra mundial.’”

Compreendemos os aspectos da conjuntura internacional ‘como sintomas produzidos na estrutura’ dos conflitos geopolíticos ou (inter)imperialistas. Neste texto, procura-se ir além da superfície dos fatos ou dos fenômenos sociopolíticos para identificar as contradições fundamentais, que conformam a atual crise mundial do capital, e alimentam os choques entre os sujeitos que operam as disputas geopolíticas ou inter-imperialistas contemporâneas. 

Terão destaque na análise as iniciativas dos sujeitos políticos mundiais (estados, blocos econômicos, complexo industrial militar, entre outros) para manter ou alterar as relações de poder hegemônicas no cenário global. Na medida das limitações do autor avaliar-se-ão alguns sintomas presentes na conjuntura, especialmente, as inter-relações dos processos contraditórios em seu desenrolar histórico e as ações estratégicas postas em curso pelos sujeitos ou “players” globais. 

Disputas (inter)imperialistas, neste texto, devem ser compreendidas como a competição entre múltiplas potências no cenário global, em conflito pela hegemonia econômica, política e militar, entendendo que a rivalidade é uma característica inerente à fase monopolista do modo mercantil de produção de mercadorias, levando a disputas por mercados, recursos naturais e esferas de influência. Aqui, esta noção não abraça ou nega a tese de um novo imperialismo chinês ou propugna as relações chinesas com os demais países como baseadas na cooperação e na busca por uma ordem mundial multipolar, não-hegemônica, não baseada na dominação, mas na soberania e no desenvolvimento mútuo, pela simples razão de que não se propõe a avaliar essa complexa, longeva e polêmica questão.

Para destacar as opções dos sujeitos globais, procuraremos mapear a correlação de forças, ainda que não para atuarmos juntos (ou apoiarmos) aos sujeitos que incidem nas disputas globais, mas para perceber criticamente as tendências em curso.

Na conjuntura internacional, um “sintoma” central, do qual se desdobram vários outros, se coloca como objeto principal desta análise: a reconfiguração do poder político-diplomático, econômico e militar global tendente a se consolidar no bloco de poder asiático. Nossa hipótese explicativa geral para essa conjuntura é que, nas duas últimas décadas, a concorrência (inter)imperialista pelo mercado mundial de mercadorias, ao tender a favor do capital asiático (China e aliados), intensificou as contradições no bloco de poder ocidental (EUA/UE), obrigando-os a intensificar os mecanismos anti-crise (ou anti-ciclo), inspirados no keynesianismo militar, como caminho para preservar a sua hegemonia.

Um tema que se desdobra desta hipótese é o impacto da crise global sobre a cooperação europeia para o desenvolvimento, algo que interessa diretamente ao conjunto da sociedade civil brasileira. Ou em termos de questão, o que explica a conjuntura atual da cooperação europeia?

Para levar a cabo a investigação proposta, exploramos alguns processos/eixos por onde pode-se visualizar de forma concreta algumas contradições fundamentais do sistema capitalista em escala mundial. São eles: 1) a configuração geoeconômica atual, onde se sobressai a aposta chinesa nas tecnologias que definem o cotidiano (modo de vida e de produzir) no século XXI; 2) gastos militares como antídoto à crise do capital; 3) a “verdadeira guerra” dos EUA; 4) ataques de Trump ao Brasil e aos Brics; 5) gastos militares europeus e pressões dos EUA (OTAN); 6) o rearmamento europeu e a crises alemã e da zona do euro; e por fim, (7) a cooperação internacional europeia e gastos militares. 

As fontes utilizadas estão indicadas através de notas de rodapé e para além destas utilizamos informações e dados obtidas de relatórios de organizações internacionais, institutos de pesquisa e notícias de veículos de comunicação publicados em alemão, inglês e francês acessados e traduzidos com a ajuda de recursos da Inteligência Artificial (IA), indicados nas referências. Nestes casos, tomamos o cuidado de checar a correção e congruência dos dados em relação às demais fontes informações usadas, bem como a seriedade da instituição acessada por este mecanismo.

Devemos observar, por fim, a ausência de alguns sintomas da atual conjuntura, que ainda necessitam ser abordados nessa análise em construção. Destacamos, em especial, as consequências ambientais do funcionamento atual do modo de produção capitalista (colapso climático), a financeirização da economia (natureza inclusa), as guerras no Oriente Médio (Palestina, Irã, Israel e Iêmen), transição energética, crescimento das forças políticas da extrema direita, o recrudescimento da violência em âmbitos diversos, gênero, étnico-racial, policial etc.

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