Agrofloresta para o Bem Viver: intercâmbio promove troca de experiências entre comunidades do sudoeste e o Movimento CETA

Entre os dias 21 e 23 de setembro, camponesas e camponeses participaram do intercâmbio “Agrofloresta para o Bem Viver: Uma articulação dos povos do campo da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo e o Movimento CETA”. O encontro, realizado no Assentamento Dois Riachões, em Ibirapitanga, sul da Bahia, envolveu famílias de comunidades do sudoeste do estado, como de Cachoeira, no município de Ribeirão do Largo, e Vila Corina, no município de Encruzilhada. Ao longo dos três dias de atividades, os participantes puderam conhecer as experiências de Sistemas Agroflorestais (SAFs) e de tratamento de águas residuais domésticas desenvolvidas pelo assentamento, que é vinculado ao Movimento CETA.

“O intercâmbio é uma troca de saberes entre agricultores e agricultoras, que têm especificidades de biomas diferentes, mas que se comungam no processo de resistência e criação de um novo modelo econômico que coloca os trabalhadores como protagonistas da sua própria história”, destaca Clodoaldo Silva, mais conhecido como Neto, assessor do CEAS e militante do CETA Sul.

Além das experiências dos SAFs e do tratamento de águas residuais, as famílias também tiveram a oportunidade de conhecer a história de luta e resistência do Movimento CETA na região e de alguns dos seus projetos em curso, como o viveiro de mudas e unidade de produção de chocolate orgânico e agroecológico. Tudo isso com uma alimentação regada ao modo cabruca, como o refogado de coração de banana e a farofa de banana com nibs de cacau produzidos no assentamento.

Para Maicon Leopoldino, secretário-executivo do CEAS, o modo como o encontro foi conduzido também contribui para o fortalecimento do diálogo entre as famílias. “A metodologia campesino-campesino mostrou-se durante os dias do encontro como uma ferramenta potente de diálogo e entendimento prático das experiências partilhadas no encontro”, destaca.

Sementes que dão frutos 

A perspectiva é que, nos próximos meses, o diálogo e a parceria entre os territórios se fortaleça e multiplique. Até o mês de fevereiro de 2024, as comunidades de Cachoeira e Vila Corina receberão cerca de 5.500 mudas de plantas adubadeiras, nativas e frutíferas em fase de produção no Assentamento Dois Riachões, dentre elas 3.400 mudas de cacau clonado para implantação de SAFs e 04 sistemas de tratamento de águas residuais domésticas.

Neto ressalta que, apesar das diferenças de territórios, é o compromisso social, ambiental e político entre as comunidades que os une. “São homens, mulheres e crianças que trocaram saberes, que têm especificidades diferentes de acordo com seus territórios, mas que trazem uma coisa em comum: a solidariedade e resistência dos povos camponeses que fizeram a opção de continuar no campo e vivendo de modo que defenda o seu território”, finaliza.