Articulação dos povos do campo e da cidade como estratégia para soberania alimentar

No dia 22 de outubro, foi realizada mais uma etapa da campanha “de movimento a movimento”, que articula comunidades do campo e da cidade em luta pelo direito ao alimento e na defesa de seus territórios.

Nesta ação, foram cerca de 2.600 kg de alimentos, distribuídos em 200 cestas contendo frutas, hortaliças, raízes e grãos, como o feijão, produzidos por camponesas e camponeses do Movimento CETA e ligados à Pastoral Rural da Diocese de Paulo Afonso. Os destinos dos alimentos também são territórios de resistência – ocupações do Movimento Sem Teto da Bahia no Centro Antigo e Subúrbio, Ladeira da Preguiça, Artífices da Ladeira da Conceição, Vila Coração de Maria e a comunidade Alto das Pombas, através do Grupo de Mulheres do Alto das Pombas. Até dezembro, a previsão é de distribuição de mais de 13 toneladas de alimentos, organizadas pelo CEAS desde o primeiro semestre de 2020.

A articulação campo e cidade aponta para a necessária solidariedade entre comunidades e movimentos para enfrentar a fome e a insegurança alimentar crescentes no país. No Brasil, quase 20 milhões de pessoas estão passando fome, segundo dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, publicado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede Penssan). Já a extrema pobreza quase triplicou – de 4,5% para 12,8% da população, paralelamente ao crescimento do número de bilionários e da produção do agronegócio para exportação.

Essa crise humanitária, em que o Estado brasileiro se ausenta na garantia de direitos fundamentais como o alimento, é a demonstração da natureza do projeto capitalista de produzir desigualdades e crises. Por isso também, a articulação compreende que o alimento – produzido sem exploração do trabalho, sem veneno e sem degradação da natureza – é uma ponte estratégica que visa fortalecer as lutas dos povos rurais e urbanos em defesa dos seus territórios, criando uma rede de resistência e compartilhamento de experiências anticapitalistas. E também pela conquista da soberania alimentar, que só é possível com acesso e preservação dos bens comuns – a terra, a água, os biomas, as sementes e seus frutos.