Cadernos do CEAS l Edição 259 já disponível

Este número traz o primeiro volume do dossiê “Formas periféricas de morar: violências, insurgências e regulações (Parte I)” com reflexões críticas e interdisciplinares acerca do tema da “habitação popular” e das lutas dos sujeitos periféricos pelo direito à cidade.

O editorial “Formas periféricas de morar: narrativas, resistências e insurgências” escrito por Adriana Nogueira Vieira Lima (UEFS/UFBA), Any Brito Leal Ivo (UFBA), Laila Nazem Mourad (UCSAL), Lysie Reis (UNEB) e Thaianna de Souza Valverde (UERJ) apresentam o conjunto de oito artigos sobre o tema em diversas regiões do país.

As autoras também assinam a entrevista “Nossos passos vêm de longe: mulheres tecendo resistências e lutas por moradia digna e direito à cidade em Salvador”, realizada com mulheres, lutadoras populares de várias organizações e comunidades da capital baiana, que relatam sua vivência, desafios e conquistas na luta pelo direito à moradia.

O primeiro artigo “A disputa por centralidade e os movimentos sociais por moradia digna no centro antigo de Salvador/BA”, de autoria de Felipe Canto (UCSAL) e Liana Viveiros (UFBA) traz, a partir de entrevistas com lideranças da Articulação de Movimentos e Comunidades do Centro Antigo de Salvador importante reflexão sobre o enfrentamento da população do território às ações perpetradas por agentes privados e pelo Estado.

No artigo “Conformismo e resistência nas ações coletivas das ocupações da Cidade Industrial de Curitiba (CIC)”, Aline Sanches (USP), Simone Polli (UTFPR) e Carolina Gama (UTFPR) analisam as ocupações da CIC no contexto de reconstrução após um incêndio em 2018 e no período da pandemia de Covid-19, os principais atores desses processos e as manifestações de resistência da população a partir de sua condição de precariedade.

O terceiro artigo “’Uma jogada de mestre’. Estado e policiais militares na produção do espaço da sétima etapa da reforma do Centro Histórico de Salvador” é assinado por Urpi Montoya Uriarte (UFBA) e analisa as formas de convivência de diferentes sujeitos no Centro Histórico, entre policiais militares, setores marginais, trabalhadores formais e informais, entre outros.

Em seguida, Palloma Menezes (IESP-UERJ) apresenta o artigo “Rumores sobre estupros e furtos em favelas do Rio de Janeiro” onde analisa as consequências da implementação das primeiras Unidades de Polícia Pacificadora a partir de 2008 no Rio de Janeiro e as novas inseguranças que esse processo acarretou nas populações periféricas.

O quinto artigo “As (re)existências da Vila Itaú: memórias urbanas periféricas” de Márlom Geraldo Parreiras Mota (PUC-MG) e Viviane Zerlotini da Silva (PUC-MG) fala de um território que foi completamente removido em 2024 após um longo processo de desapropriação. O tema central desse artigo são as formas de violência empregadas para garantir o apagamento dos espaços e das memórias urbanas da Vila Itaú em prol de interesses privados.

Na ordem, o sexto artigo “A princesa, o bicho e o demônio negro: razão e colonialidade no ‘progresso’ para Feira de Santana” de Diego Carvalho Corrêa (IFBA) e Valter Zaqueu Santos da Silva (UFBA) faz uma relação entre História e Literatura para analisar os processos de disputa de projetos de cidade e a imposição de uma cultura que visava o apagamento dos modos de viver da população negra na cidade após o golpe de 1964.

O penúltimo artigo “Bairros negros: formas de morar, formas de alugar” de Tiago Souza de Jesus (UFC) e Henrique Cunha Junior (UFC) analisa os efeitos das politicas capitalistas e racistas sobre a população negra e periférica em Fortaleza, mais especificamente na Comunidade de Rosalina. O estudo traz reflexões sobre como os processos de resistência e luta pelo direito à moradia, como ocupações e coletivização constituem um patrimônio para essas populações.

Por fim, o artigo “A autoconstrução sob a perspectiva dos moradores de uma ocupação urbana em Florianópolis/SC” de Victória da Silva Soares (UDESC) e Francisco Canella (UDESC) analisa as formas autônomas de direito à moradia digna na ocupação Marielle Franco. A partir de uma análise específica da ocupação, o estudo revela contradições desafiadoras sobre o acesso à moradia na capital catarinense e o processo de segregação socioespacial e desigualdade sobre as populações periféricas.

Acesse o dossiê na íntegra: https://doi.org/10.25247/2447-861X.2023.n259.

LIMA, A. N. V.; LEAL IVO, A. B.; MOURAD, L. N.; REIS, L.; VALVERDE, T. de S. Apresentação: Formas Periféricas de Morar: narrativas, resistências e insurgências. Cadernos do CEAS: Revista crítica de humanidades, [Salvador; Recife], v. 48, n. 259, p. 161–171, 2023. DOI: 10.25247/2447-861X.2023.n259.p161-171.

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