“O grande objetivo desse projeto não é apenas resgatar a memória popular, mas resgatar e restituir essa memória aos seus verdadeiros donos e donas”. É dessa forma que o professor Iraneidson Costa, do Departamento de História da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sintetiza o projeto “História e Memória dos Movimentos Sociais na Bahia”, uma parceria entre CEAS, UFBA e comunidades populares que teve início na última semana. A iniciativa, que envolve estudantes de diversos cursos da universidade, pretende investigar e organizar o acervo da Biblioteca Padre Cláudio Perani, no CEAS, e organizar centros de memória popular em comunidades de Salvador.
De acordo com o professor, o projeto integra ensino, pesquisa e extensão na busca por uma maior valorização das lutas sociais em nosso estado. “A parceria tem como finalidade a recuperação, o resgate e a restituição da história de luta, resistência e conquista dos movimentos populares baianos”, destaca Iraneidson.
No CEAS, os estudantes irão participar semanalmente de oficinas voltadas ao cuidado e organização dos documentos do acervo, que contém mais de 25 mil títulos. A primeira delas, realizada na última terça (12), foi voltada ao ensino de técnicas de conservação, higienização e restauro de documentos. Além disso, diversos bolsistas também estão envolvidos no trabalho de pesquisa e organização dos materiais presentes no catálogo que documentam a trajetória dos movimentos populares baianos.
Já o trabalho extensionista do projeto inclui o resgate, organização e implantação de centros de memória em bairros populares de Salvador, como já realizado com o Centro de Memória do Calabar, implantado em julho de 2019 pela mesma parceria. A perspectiva é que, até o fim deste ano, a equipe consiga também implantar o Centro de Memória do Alto das Pombas, comunidade localizada próximo ao bairro Federação e que carrega um importante histórico de luta e resistência. “Nesse caso, a parceria é entre o CEAS, UFBA e comunidades populares. Sem essa parceria não somos capazes de realizar o nosso trabalho”, ressalta o professor.
Para o CEAS, o desenvolvimento do projeto está diretamente ligado à missão do Centro, sobretudo em relação ao papel da memória na transformação social. Seu elo com a educação e as comunidades populares de Salvador fortalecem a luta por direitos e a defesa de um novo projeto de sociedade. Um projeto que bebe da fonte dos nossos ancestrais para construir um mundo mais justo e humano para o nosso povo.