Dia Mundial da Água é marcado por formação e mobilizações em Salvador

Na última sexta-feira (22), Dia Mundial da Água, organizações, movimentos sociais e comunidades se reuniram na Ocupação Paraíso, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, para discutir a importância do complexo florestal e das águas da Bacia do Rio do Cobre, área que tem sofrido com o descaso do poder público e é alvo de interesse das grandes empresas. O encontro, que envolveu os Guardiões da Apa/Bacia do Cobre, moradores do Conjunto Paraguari II (Mirantes de Periperi) e MSTB, também foi uma preparação para o 24º Grito da Água, manifestação que reuniu diversos movimentos sociais no centro da capital baiana. 

A roda de conversa debateu diversos aspectos que envolvem a questão hídrica no estado. O modelo de exploração da água e a transferência deste bem comum para iniciativa privada; a produção agrícola capitalista de irrigação; o despejo de resíduos industriais sem o tratamento adequado; o uso de produtos químicos industriais e agrotóxicos nas produções em larga escala, muitas vezes instaladas estrategicamente próximas a reservas de água contaminando corpos hídricos, foram alguns dos temas norteadoras do encontro.

“Entendemos que este processo de exploração tem contribuído para escassez de água e expulsão de comunidades dos seus territórios, além de impactarem na saúde e segurança hídrica da população. É o Racismo Ambiental evidenciado no Estado brasileiro, que segue violentando nossos corpos e territórios negros na cidade de Salvador”, destaca Luciana Silveira, assessora da equipe urbana do CEAS.

Catarina Lopes, também da equipe urbana do CEAS, completa. “Este modelo tem priorizado o lucro da iniciativa privada e não o processo de produção e reprodução da vida”.

Águas para vida, não para a morte

Em relação ao acesso à água na região suburbana, moradores relatam que só neste mês de março foram 5 dias sem água em alguns bairros, o que afeta diretamente a realização de necessidades básicas como cozinhar e tomar banho. Na ocasião, surgiu uma questão: porque a falta de água que afeta o subúrbio, que, segundo os moradores, ocorre com frequência, não acontece da mesma forma nos bairros ricos e brancos de Salvador? 

Esta e outras questões foram transformadas em reivindicação através de uma oficina de cartazes. Uma das mensagens diz: “O Subúrbio Ferroviário de Salvador não aceita ficar sem água, precisamos de segurança no abastecimento diário!”. Já a faixa principal anuncia: “O subúrbio ferroviário de Salvador em defesa de suas fontes, rios e nascentes,  protejam a Bacia do Cobre.” Foi com estas mensagens que os coletivos se juntaram a outros movimentos sociais, grupos populares e comunidades de Salvador para o 24° Grito da Água, realizado no centro da cidade na própria sexta-feira. Com o tema “Para todo mar tem um rio, do céu que flui pro mar, deságua direito do povo, que nunca pode privatizar”, a manifestação percorreu o centro da capital baiana denunciando o projeto de exploração sobre os nossos recursos hídricos.

Defender a água é defender a vida para ver os frutos da nossa luta brotarem!