Edu, presente!

Foi com muita tristeza que a equipe do Centro de Estudos e Ação Social recebeu a notícia do falecimento de Luiz Eduardo de Souza Terrin, o Edu, companheiro de histórica contribuição para a luta popular pela terra na Bahia. Edu foi um exemplo para todos os lutadores e lutadores do povo em relação ao método do trabalho popular, exercitando sempre o protagonismo dos trabalhadores e trabalhadoras nos processos de luta e resistência nos territórios. O trabalho e o compromisso de Edu seguem vivos no seio das organizações populares que lutam contra a injustiça agrária que acomete nosso país e nosso estado há séculos.

Reproduzimos aqui a nota da Comissão Pastoral da Terra/Bahia, organização que o companheiro construiu com afinco e que, com o espírito do trabalho coletivo e da unidade gerou muitos frutos na luta dos povos pela terra.

“Recebemos, consternados, a notícia da Páscoa do nosso querido companheiro e mestre Edu, aos 82 anos. A CPT – Comissão Pastoral da Terra / Bahia lamenta e, ao mesmo tempo, celebra – faz memória e atualiza – sua vida de tantos serviços prestados à causa do povo camponês da Bahia e do Brasil, causa do Reino de Jesus.
Luiz Eduardo de Souza Terrin, paulista de Serra Negra, chegou a Juazeiro da Bahia, em 1978, vindo de Goiás, atraído por D. José Rodrigues de Souza, o bispo diocesano à época. A região estava em polvorosa. A barragem de Sobradinho havia atingido 72 mil pessoas, quatro cidades relocadas e 58 mil camponeses expulsos, sem direitos que não fossem os que conquistaram com organização e luta. Iniciava-se um período de seca terrível e a grilagem de terra campeava. Edu foi a pessoa certa na hora certa: articulando a CPT com os/as agentes de pastoral das paróquias e apoios e assessorias, mobilizaram as comunidades atingidas, na resistência organizada e busca por justiça e dignidade. Com atenção especial aos/às jovens, assessorou a Pastoral da Juventude do Meio Popular na diocese.
Junto a ele estava a advogada da CPT, Angélica Carneiro, com a qual se casou anos mais tarde, constituiu família e viveu a maior parte da vida e foi seu principal esteio no enfrentamento do câncer e do mal de Alzheimer, nos últimos anos.
Depois de Juazeiro, Edu foi ainda assessor e coordenador da CPT Bahia, diretor da CPT Nacional, assessor da Comissão de Justiça e Paz / Arquidiocese de Salvador e da Equipe do APD/CERIS – Apoio a Projetos Diocesanos / Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais e do CAIS – Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais, por onde colaborou com lutas de muitos comunidades e grupos populares país afora. Extremamente racional e organizado, além de sempre alegre e disposto, foi um dos principais responsáveis pela metodologia da CPT como serviço ao protagonismo popular, o povo sujeito de sua história. Nunca abriu mão desse princípio metodológico, que herdara de Paulo Freire e de Cláudio Perani, jesuíta do CEAS – Centro de Estudos e Ação Social, de Salvador.
Hoje pela madrugada, Edu fez sua Páscoa. Brilhe para ele a luz da Ressurreição, dos que seguem fiéis o Mestre Jesus! Todos e todas nós recordamos, já saudosos e saudosas, de sua imensa generosidade e da sede de justiça que alimentou junto ao povo do campo e durante toda sua vida. Vá em paz, companheiro! O Deus do amor e da misericórdia o acolha agora na plenitude da vida. A Angélica, sua filha Marta, demais familiares e amigos, lhes dê conforto e paz!

Salvador, 13 de novembro de 2024.
Comissão Pastoral da Terra / Bahia.”

Edu, presente, presente, presente!