Festival Cultural de Paraguari II marca o Dia da Consciência Negra no Quilombo Paraíso

Foto: Ingrid Sena (Coletivo Incomode/MSTB)

O Festival Cultural de Paraguari II, remanescente de Quilombo Paraíso, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, aconteceu no dia 20 de Novembro, dia da Consciência Negra, mostrando a força da cultura negra e periférica nas narrativas do território, e a história e memória dos negros no Brasil.

O encontro, promovido pelo Coletivo Incomode e o Movimento Sem Teto da Bahia – MSTB, foi fortalecido pelo apoio de diversas organizações que fazem parte da Campanha contra a Violência nos Territórios Negros e Populares, como o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), a Coordenação Ecumênica de Serviços (CESE), a Associação de Advogados e Advogadas dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (AATR) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Além destas, outras organizações de diferentes territórios se juntaram ao evento, como a Juventude Ativista de Cajazeiras (JACA) e o Grupo de Mulheres do Alto das Pombas (GRUMAP).

A ideia do fortalecimento aos encontros culturais traz a força das memórias e narrativas de (Re) existências na cidade de Salvador. Cerca de 150 pessoas se reuniram, participaram de uma trilha de imersão às matas e as águas, firmando território inserido na APA da Bacia do Cobre e São Bartolomeu, e assistiram ao espetáculo teatral que traz a força do Quilombo do Urubu e dos quilombolas liderados pela Guerreira Zeferina.

Foto: Ingrid Sena (Coletivo Incomode/MSTB)

O Festival abordou a luta pela permanência no território de Paraguari II, fruto da ocupação e da luta de Quilombo Paraíso e o cuidado do povo com o local ocupado historicamente pela população negra. Alexia dos Santos Queiroz, moradora do Residencial Paraguari II, se sente pertencente ao histórico Quilombo do Urubu. Ela interpretou Zeferina no espetáculo e fala da força e do acolhimento desta quilombola frente às lutas dos negros em fuga que buscavam aquilombamento. A adolescente é filha de Nadjane dos Santos, uma das fundadoras do Coletivo Incomode, que retrata a coletividade no processo da produção do espetáculo que ela mesma contribuiu como figurinista.

Cassiane Ferreira Paixão, também fundadora do Coletivo Incomode e militante do MSTB, saudou a atividade que faz parte dos mutirões culturais nos territórios negros e populares, projeto que é fruto da campanha contra as violências nestes territórios. A militante destaca a demonstração da luta, da importância da história, da resistência popular e do protagonismo das crianças, adolescente e juventudes negras a partir da sua arte e cultura: “é importante a gente tá trocando nossa cultura, ensinando a eles pra já irem crescendo com a firmeza destes ensinamentos. É bom que elas conheçam nossa ancestralidade, de Dandara, Zumbi e Zeferina”.

Cairo Costa, do JACA, se sente fortalecido e ao mesmo fortalecendo o Território de Paraguari II. Para ele, “este festival cultural trouxe a oportunidade de conhecer chão tão potente e ancestral. Me sinto agradecido”. Luciana Silveira, assessora do CEAS, destaca a força da formação política com as juventudes negras, existente nos encontros culturais, juntamente com a arte e a educação fomentada pelos movimentos e grupos como forma de potencializar seus territórios, seus bens comuns, patrimônio material e imaterial: “os Mutirões Culturais vem pra fortalecer territórios, a partir das trocas entre eles. A Campanha contra a violência nos territórios negros, a qual se insere os mutirões, surge para denunciar que a Bahia é o estado que mais mata o povo negro. Concomitante, vem potencializar estas trocas culturais que valorizam a vida das crianças, adolescentes e juventudes nos territórios“, conclui.

Por: CEAS/Equipe urbana