Movimentos do campo e da cidade conversam sobre aliança por soberania alimentar e defesa do território

No dia 28 de outubro, o Movimento CETA – representando por Clodoaldo Silva do assentamento Dois Riachões, em Ibirapitanga no sul da Bahia – foi recebido por movimentos urbanos em uma ocupação do Movimento Sem Teto da Bahia na Rua do Passo, no Centro Histórico de Salvador. Mais um passo da articulação promovida pelo CEAS, o encontro foi um momento de diálogo sobre a aliança campo e cidade e as estratégias de resistência nos territórios e de luta por soberania alimentar.

Participaram também da atividade representantes do Centro Cultural Que Ladeira é Essa? (Ladeira da Preguiça), Artífices da Ladeira da Conceição da Praia, Grupo de Mulheres do Alto das Pombas e Vila Coração de Maria (Dois de Julho).

Na conversa, foi resgatada a memória de articulações entre movimentos rurais e urbanos em outros períodos para realizar mobilizações, ocupações e pressionar sobre pautas comuns ou aliadas, como reforma agrária, direito à terra e à moradia digna. O CEAS destacou que essa aliança renasce na pandemia diante do acirramento das crises promovidas pelo capitalismo, como o aumento da fome, empobrecimento da população, perda de direitos e o crescimento das violências e violações contra os povos e seus territórios. Desde o início da pandemia, em 2020, o CEAS tem sido uma ponte para que alimentos agroecológicos, oriundos de comunidades camponesas em luta por reforma agrária, cheguem em comunidades da capital baiana que estão em processo de defesa dos seus territórios e do direito à cidade. Até dezembro deste ano, a campanha “De movimento a movimento” pretende alcançar cerca de 13 toneladas de alimentos distribuídos.

O Movimento CETA abordou o tema da agroecologia, explicando que se trata de um modo de vida ancestral de respeito à natureza, às pessoas e as relações de produção sem exploração; e ainda falou sobre soberania alimentar, pauta que está relacionada não apenas com o direito ao alimento de qualidade e em quantidade, mas com o acesso aos bens comuns (como terra, água, sementes), à preservação dos territórios e o respeito aos modos de vida no campo e na cidade.

O MSTB destacou a importância da formação política e como essa aliança é estratégica também para o fortalecimento da defesa territorial, tanto para engrossar as fileiras nos processos de resistência direta (contra despejos, reintegrações de posse, entre outros) quanto para forjar novas formas e experiências de luta anticapitalista, antirracista e contra as demais formas de opressão e supressão dos direitos dos povos rurais e urbanos.