Nota de repúdio e solidariedade: Basta de violência contra os povos indígenas!

É com dor e indignação que o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) manifesta seu repúdio ao ataque de fazendeiros contra lideranças indígenas do povo Pataxó Hã-hã-hãe, no território Caramuru, município de Potiraguá, no sul da Bahia, no último domingo (21). Organizados num grupo que se denomina “Movimento Invasão Zero”, cerca de 200 ruralistas decidiram recuperar, sem decisão judicial, a posse da Fazenda Inhuma, retomada por indígenas no último sábado (20). O ataque resultou na morte de Maria de Fátima Muniz, mais conhecida como Nega Pataxó, majé (feminino de pajé) da comunidade. Outras duas lideranças ficaram feridas, entre elas o cacique Nailton Muniz Pataxó, que foi baleado e submetido a cirurgia.

A ação dos ruralistas deste fim de semana não é isolada. A violência que atinge os povos indígenas na Bahia é histórica e tem se acentuado nos últimos de forma vertiginosa. Em dezembro, o cacique Lucas Santos Oliveira, de 31 anos, também do povo Pataxó Hã-hã-hãe, foi assassinado quando retornava da cidade de Pau Brasil para a aldeia Caramuru Catarina Paraguassu. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Bahia ocupa o terceiro lugar entre os estados com mais conflitos no campo. Em 2022 foram 211 ocorrências e três indígenas assassinados A lentidão no processo de demarcação das terras indígenas e as investidas da bancada ruralista no Congresso, a exemplo da derrubada dos vetos do presidente ao projeto do Marco Temporal, mostram que a luta contra o genocídio dos povos indígenas é longa e profunda.

Exigimos que os governos estadual e nacional atuem de forma rápida pela investigação e punição dos criminosos e que promovam medidas concretas de proteção aos povos e territórios indígenas. Aos nossos parentes, prestamos nossa solidariedade nesse momento de dor e seguimos juntos na luta contra a violência.