Nota do CEAS em memória da companheira Bia Costa

À família e companheiros/as de Bia,

Dois mil e vinte, um ano que se prolonga. Estamos perplexos, como se os acontecimentos não fossem verdadeiros. Ano em que perdemos alguns valorosos companheiros/as. Mulheres e homens forjados na luta popular, na construção coletiva de uma sociedade justa e fraterna.

Beatriz Costa, a Bia, nos deixou na sexta-feira, 27 de novembro. Uma mulher que nos motivou a compreender a forma como a sociedade se comporta, acumulando para poucos a riqueza produzida por muitos.

Bia Costa fez uma bela trajetória junto aos mais pobres, apoiando as comunidades de base, as organizações de assessoria aos movimentos sociais. Apoiando, como pedagoga, mulheres e homens que se propuseram a contribuir para a construção de uma vida de abundância.

Bia chegou ao Ceas, em Salvador, Bahia, levada pelo amigo Claudio Perani. Nos ajudou a compreender os processos de avaliação e planejamento das ações políticas. Naquele momento era difícil compreender como trabalhar estes processos diante do imediatismo das reivindicações do movimento social por Direitos Humanos, direito à comida e moradia. Todas as necessidades do povo pobre pareciam urgentes e, efetivamente, urgiam.

Com seu jeito paciente, dedicado e amável, Bia nos trouxe para o universo do PMA (Planejamento, Monitoria e Avaliação). Logo depois, nos ajudou a sistematizar as belas experiências do movimento de mulheres lavadeiras, em Salvador, e dos trabalhadores das lavouras de cacau, na região do baixo sul da Bahia. Foram elaborados dois livros que até hoje são ricas fontes de pesquisa da história de luta do povo!

Junto aos companheiros do NOVA, Bia andou pelo Brasil conversando com as lideranças comunitárias, com os movimentos sociais, com intelectuais, todos e todas cujo compromisso de vida fosse lutar por Justiça e Paz, por fraternidade e profunda obediência aos Direitos Humanos.

Beatriz Costa nos deixou em uma semana dedicada às eleições em segundo turno.  Nesse momento deve estar trocando ideias com Claudio Perani e Andrés Matos sobre os desafios que ainda precisamos enfrentar para garantir a participação do povo na frágil democracia brasileira.

Sem dúvida, a vida fica mais desafiante quando pessoas da cepa de Bia Costa nos deixam. Todos ficamos meio órfãos!

Seguimos com o compromisso de lutar a luta que foi dela/es. Façamos valer a pena a vida de todas as Bias!

Obrigada, Beatriz Costa, pela sua existência entre nós. Obrigada pela memória, pelo testemunho de vida que você nos deixa! 

De suas amigas e amigos Eliana Rolemberg, Maria Ubajareida, Elsa Kraychete, Antonio Dias, Pe. José Antonio Pecchia e todos os membros da Diretoria e Equipe do CEAS

Salvador, novembro de 2020.